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Venda de borregos na Páscoa idêntica a de 2016 embora com menor preço

Fonte: João Madeira

 

A procura por borrego nesta época pascal está a ser "semelhante" à de 2016, "mas o preço está um pouco mais baixo, cerca de cinco euros", disse o diretor-geral da ACOS - Associação de Agricultores do Sul, Claudino Matos.

De acordo com o dirigente da principal associação que representa os criadores de ovinos do Alentejo, com sede em Beja, na Páscoa, como no Natal, "por tradição, há um aumento da procura", mas este ano o preço não está a acompanhar esta tendência.
No ano passado, "um borrego normal inteiro valia 60 ou 65 euros e este ano vale 55 ou 60, uma diferença de cinco euros", precisou, referindo que o preço não está a acompanhar o aumento da procura devido a "vários fatores externos, que estão a provocar alguma perturbação no mercado".

A redução do preço deve-se "sobretudo à diminuição do consumo", apontou Claudino Matos, afirmando que "a carne de borrego é cada vez menos consumida na Europa e em Portugal", onde o consumo anual por pessoa já foi de quatro quilos, mas, atualmente, é de cerca de 2,200 quilos.

"Cada vez se consome menos borrego", porque é uma carne "difícil de preparar" e cujo consumo está "associado a épocas festivas e não é muito usual no resto do ano", explicou.

Há também a "concorrência" da carne de borrego importada, nomeadamente da Austrália e da Nova Zelândia, que "entra no mercado português principalmente através das grandes superfícies comerciais e é vendida significativamente mais barata do que a nacional".

No distrito de Portalegre, a empresa Pasto Alentejano, situada em Sousel, regista também números "idênticos" aos de 2016 e "normais" para a época, disse o administrador José Serralheiro.
"As vendas estão muito bem encaminhadas, vamos ver como é que o cliente vai responder nos próximos dias, porque com o tempo agradável os consumidores podem trocar a carne pelo peixe, apesar de o borrego fazer parte da tradição", referiu.

A Pasto Alentejano é um dos principais fornecedores portugueses de carne de borrego, vende cerca de 150 mil animais por ano, 30 mil dos quais nas três semanas que antecedem a Páscoa, e está também a "crescer" no mercado internacional, nomeadamente em Israel.

Observado que a exportação de animais "veio animar" o mercado, José Serralheiro indicou que nesta altura da Páscoa está a ser praticado um preço na ordem dos "5,50 euros a seis euros o quilo".

Já o Agrupamento de Produtores do Alentejo Elipec, com 30 criadores e que forneceu cerca de 2.500 borregos nesta época de Páscoa para grandes superfícies comerciais, está a vender "ligeiramente" mais do que em 2016, indicou o colaborador António Rodrigues.

O Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano - Natur-al-Carnes, que tem cerca de 100 produtores e vende uma média de 1.600 borregos na Páscoa, principalmente para a indústria de distribuição, nota que, "este ano, a oferta é maior do que a procura" e o preço "desceu em relação ao ano anterior", segundo o responsável António Esteves.

Já Tiago Perloiro, criador de ovinos na zona de Amareleja, no concelho de Moura, distrito de Beja, que tem um rebanho de 800 ovelhas, considerou que este ano a "procura é menor do que no ano passado" e também observa uma descida do preço.

"Tenho a sensação de que a procura diminuiu e tenho a certeza de que o preço é mais baixo cinco euros por borrego vendido na exploração", disse o criador, que é também secretário-técnico da Associação Nacional de Criadores de Ovinos e Raça Merina, com sede em Évora.

Tiago Perloiro defendeu que o mercado da carne de borrego "tem que se reinventar" e criar "o hambúrguer, o bife ou a almondega de borrego", à semelhança do que aconteceu em Espanha, cuja organização que representa o comércio deste tipo de carne "está a apostar muito nesta vertente e em colocar os ´chefs` de cozinha a preparar borrego de outras formas, vendendo-o muito mais caro".



Fonte: Noticias ao Minuto Consultar fonte
Data de publicação: 14/04/2017 09:00