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Universidade do Minho e Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores desenvolvem projecto para aproveitamentos de resíduos de leite

Fonte da imagem: The guardian

 

A Fibrenamics, plataforma de I&D da Universidade do Minho, e o INOVA – Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores –, acabam de apresentar um Núcleo de Investigação e Desenvolvimento (I&D) para implementar um projeto de investigação aplicada que visa o desenvolvimento de fibra da caseína a partir do leite não alimentar produzido na região dos Açores.

O Projeto Milkfibre terá um financiamento de 300 mil euros e visa o aproveitamento dos desperdícios do leite produzido nas pastagens açorianas para a produção de fibras.

Com a duração prevista de três anos, o projeto conta com uma equipa de 10 investigadores e será desenvolvido pelo Núcleo de I&D – constituído pelo consórcio do qual fazem parte a Fibrenamics Azores, por via da empresa CIMPA, e o INOVA.

“O projeto Milkfibre inclui os estudos necessários ao desenvolvimento de fibra da caseína a partir do leite não alimentar produzido nas pastagens dos Açores, e tem como principal objetivo espoletar a utilização das fibras obtidas a partir dos desperdícios do leite em diversas aplicações, tais como têxtil, alimentar, saúde, entre outros”, refere a Fibrenamics em comunicado.

De acordo com a plataforma, o projeto será desenvolvido em três fases distintas: numa primeira fase, a separação da proteína caseína do leite, analisando processos, metodologias, tecnologias e materiais associados. Numa segunda fase, pretende-se produzir fibras a partir da proteína obtida, sendo essa produção estudada a nível macro e a nível nano. Por último, numa terceira fase, será analisada a funcionalização das fibras obtidas (macro e nanofibras), de modo a conferir propriedades adicionais às mesmas, como por exemplo rugosidade topográfica, ação antibacteriana, entre outras, possibilitando assim o aumento do leque de possíveis aplicações dos materiais obtidos.

O Núcleo de I&D prevê que se obtenham resultados a três níveis: Científico, Tecnológico e de Produto.

“No que diz respeito aos resultados científicos, prevê-se o desenvolvimento de conhecimento que irá resultar em publicações científicas em jornais de referência, participações em conferências e, acima de tudo, um efeito mobilizador do conhecimento. Na perspetiva tecnológica, serão explorados novos processos para a obtenção e funcionalização da fibra do leite, quer à escala macro quer à escala nano/micro. Na perspetiva do produto, está prevista a dinamização de projetos no que diz respeito à transferência do conhecimento gerado para o tecido empresarial. Paralelamente, irá ocorrer uma divulgação ampla dos resultados do projeto para a sociedade”, explica Raul Fangueiro, coordenador da Fibrenamics.

“Existe um potencial enorme ainda por descobrir nestes materiais que têm um papel tão marcante para a economia da região. Este é um novo caminho de valorização da fileira do leite, que contribui para uma utilização mais sustentável dos subprodutos e que pode trazer mais valor ao setor, contribuindo para a chamada economia circular”, elucida João Carlos Nunes, diretor científico do INOVA.

O Milkfibre tem o apoio financeiro do Governo Regional dos Açores, e a sua apresentação contou com a presença do secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, Gui Menezes que reforçou a sua importância para a economia da região: “é a prova de que a transferência de conhecimento entre empresas e centros de investigação é o caminho para o desenvolvimento de ideias e projetos inovadores, que podem tirar partido dos recursos existentes na nossa região, neste caso concreto, a partir de resíduos do leite, potenciando-os, e criando riqueza”.


Fonte: Vida Rural Consultar fonte
Data de publicação: 01/10/2020 08:52